quinta-feira, maio 24, 2007

A queda da Bartira

Por Maneco Nascimento[1]

“Lembre-se de que não é Deus!”

(extrato da memória do mito do Império Romano)

Não se pode dizer que a natureza humana não tire qualquer prazer da posse do poder. “Quem pode, pode. Quem não pode, se sacode”, diz o ditado popular acerca da posse do poder. A interpretação do ditado vai variar quer para o ponto de vista de quem o detém, quer de quem o vê ou sofre sua aplicação. O que se pode realmente considerar para as relações sociais é: o quanto o poder seria benéfico e o quanto cobra o que é de César. Poder-se-ia citar vários e diversos arroubos na história das civilizações. Da + primitiva à + contemporânea alguém sempre perdeu a cabeça e outros muitos tiveram as suas abstraídas. Sem qualquer maniqueísmo, como se isso fosse possível de se auferir quando se trata do homem (genérico), o poder sem medida é matemática sem média e, em algum momento, a aritmética falha.

Houve um tempo em que o poder constituído foi substituído pelo da guilhotina, pelo do desterro, pelo do cárcere perpétuo. O poder sobre o anterior poder. Pode-se dizer que, às vezes, quem pode, poda. E quem não poda é o que cedo acorda. Para os “poderosos” o imaginário popular acaba definindo paternidade que por vezes margeia o obscuro. Mas existe o poder das instituições religiosas, solidárias e alhures que nem sempre granjeiam o poder pelo poder. Só umas consideráveis exceções fazem do seu poderio a távola da fé, cega.

Que se possa deter-se em dois pequenos e não generosos nós da arrogância, posse legal do poder que encolheram a arte e a criação de bem coletivo para ater-se em favor de criador e criatura falhos-trágicos. Uma definiu artistas como ratos vindos dos esgotos, da lama. Outro pensou que era Deus sem conhecer sequer a posse dos divinos. Mesmo nas leituras de adestramento ao poder, não perceberam a recepção lingüístico-literária das entrelinhas e para além das linhas. A recepção foi fraca como é frágil o poder mal administrado. Pagam a moeda a Caronte embora o inferno ainda não seja nem o Dante, com licença da poesia reparadora dos desentendidos, distúrbios morais e psíquicos.

Dizem os memoriais da história da civilização ocidental que quando os Césares voltavam de suas grandes conquistas desfilavam em carros abertos (bigas, papamóveis, etc.) para receber a saudação popular. Reza também o exemplo de preservação democrática que ao lado do deus, à biga viajava um lacaio que vez por outra cochichava ao ouvido do imperador: “lembre-se de que não Deus!” Os surdos sucumbiram + rapidamente.

Aos de outrora e aos do próximo outono fica a mesma lição de casa grande e senzala, poder é útil, mas é mais quando aplicado a um bem maior que as vaidades pessoais. O deus ex-machina não opera para os opressores, está + afeito aos oprimidos e ele sempre surge para o bem da humanidade + saudável.

Para os que precisam de uma esquina para trabalhar é aconselhável uma sombreada, já que o verão não tem sentimentos, tem vida solar para os mais e os menos protegidos.

Teresina, vinte e dois de maio de dois mil e sete. Dia que será lembrado como o da Queda da Bartira.



[1] Maneco Nascimento é ator

2 comentários:

well guitti disse...

oiiii
lost lost lost
ei guria queria pedir um favor na verdade, vc sabe alguma informacao sobre o festival de teatro dai?
vi num site q as inscriçoes estao abertas, mas entrei no site http://www.overmundo.com.br/agenda/inscricoes-abertas-para-o-festival-de-teatro-de-teresina
e nao encontrei nenhuma ficha ou edital, se vc souber de alguma coisa me avise urgentemente, pois as icricoes vao ate o dia 31,
bejusssssssssss
well

janalobo disse...

oi, well...
tenta entrar no site da Fundação cultural daqui. O link é www.fcmc.pi.gov.br

desculpa a demora para rersponder!
Beijos